Amor...Psiu! Oque você anda fazendo novamente aqui na porta do meu apartamento? Acho que você deve ter se confundido com o número e esteja na verdade procurando aquela minha vizinha ruiva, aquela que mora no 422. Se por ventura esse for o caso, por favor, vá e não volte mais! Sempre quando você aparece aqui me mete em um relacionamento complicado, depois passo noites e noites na frente da TV me esbaldando em um quilo de chocolate sendo que a única coisa que me resta é um rosto enfestado de espinhas e, sem deixar de mencionar claro, um coração picotado como confetes de carnaval.

     E se esse não for o caso, não me importo, vá ver se estou na esquina e se por acaso eu estiver, vamos sentar para tomar um drinque por enquanto que você me explica o porquê você perde seu tempo me fazendo sofrer. Posso estar sendo meio rude, meio fria, mas tenho minhas razões. Você tem o costume de me mimar, trazer orquídeas e me levar para a praia uma noite só para observarmos as estrelas; deixa-me depois na escadaria aos prantos, em um dia chuvoso, levando uma mochila nas costas e eu o perdendo completamente você da minha vida.

      Depois eu prometo ser uma pessoa diferente, tentar te esquecer. Mas você acaba sendo mais forte  e mesmo eu me tornando outra mulher, até essa outra acaba caindo nas suas armadilhas também. Meu coração coitado, já está cheio de estrias por causa dessa constante mania de crescer e depois ficar pequeno novamente.

       Não adianta, não é mesmo? Você não vai sair daqui. Tá bom então, tá bom. Você conseguiu outra vez me vencer, mas, por favor, me prometa então que tentará ficar mais tempo do que nos outros relacionamentos passados, se não quiser prometer, pelo menos faça uma forcinha apenas, só para me deixar feliz. Vamos resolver logo essa briga que temos entre a gente, pois já estou cansada dessas peças que você me prega.


       Agora só basta você querer que vou te aceitar, assim como todas as outras vezes. Talvez seja a melhor forma de me livrar de você, melhor maneira de te aturar como meu inquilino, talvez dessa vez você fique mais tempo aqui...  Ou talvez para sempre...

Escrito por
Eduarda Furtado

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