"Era verão de 2005 quando viajei com meus pais para o norte da Europa. lembro como era maravilhoso acordar em um dia ensolarado e ir aproveitar na praia. Eu amava o simples fato de ouvir o som das ondas do mar se chocando contra a areia, ver as crianças brincando de bola e fazendo castelinhos, ler um bom livro na sombra de um guarda- sol. Eu não precisava de nada a mais, tudo estava perfeito assim. Porém em uma ida para a praia, senti que minhas férias iriam mudar. E eu tinha razão por achar isso.
Eu estava fazendo oque costumava fazer nesses passeios à praia. Ler meu livro e observar as pessoas. De repente pude notar que um certo garoto, o qual estava sentado em uma cadeira não tão próxima a mim, estava me observando disfarçadamente Achei engraçada a situação, então olhei rapidamente para ele que logo após sorriu , e retornei com vergonha.
Naquele dia resolvi ficar mais tarde para poder ver o pôr do sol, coisa que eu fazia só uma vez por semana. E quando estava quase entardecendo, sentei mais próximo ao mar afundando meus pés na areia, oque eu particularmente adorava.
Para a minha surpresa, aquele garoto que me observava mais cedo, vinha em minha direção e, logo após, perguntou se poderia sentar perto de mim para olhar o pôr do sol também. Eu concordei com a cabeça e ficamos nós dois no silêncio assistindo oque eu chamava de "espetáculo da natureza".
-Quando venho aqui, considero o pôr-do-sol a melhor parte do meu passeio. É muito magnifico a mistura de cores que há no céu nessa hora. Você não acha? - ele havia dito olhando para meus olhos.
-Sempre quando posso ficar mais tarde, aproveito para ver-lo. - Falei sorrindo para ele, analisando cada detalhe de seu rosto.
Depois de alguns minutos sem nada dizermos um para o outro, fiquei feliz por ele resolver "puxar conversa", já que eu não fazia ideia do que dizer.
Recordo que depois disso, ficamos conversando por muito tempo e já estava bem tarde quando trocamos telefone, para marcar de nos encontrarmos. Ficamos falando sobre nossas vidas, eu disse que estava apenas passando o verão com minha família e, depois de dois meses voltaria para o Brasil. Ele me contou que começaria a faculdade naquele ano e pretendia fazer algo na área de Ciências Humanas. Já eu falei do meu sonho de me tornar escritora. Ele teve a oportunidade de falar sobre a vontade de viajar para outros lugares, conhecer novos continentes, e o hábito de ler dele. Considerei este o melhor dia na praia que tive, contando as vezes anteriores. Sorte minha que pude ter dias ainda melhores nesse verão, sendo que muito com ele.
Marcamos no final de semana de irmos à uma lanchonete tomar café da manhã, e depois fazermos um tour pela cidade.Visitamos museus, vimos construções históricas...Foi um dia com certeza memorável para mim.
Quanto mais o tempo se passava mais eu parecia sentir algo diferente por ele. Eu gostava quando ele me fazia rir contando sobre momentos cômicos que ocorreram em sua vida, do sorriso dele quando eu dizia algo bobo, e o modo como ele dizia meu nome. Nos olhos dele eu podia ver o oceano azul e límpido de verão, eu sentia como se só havia restado nós dois em todo o universo quando nos beijávamos.
Logo o verão acabou e tive que voltar para casa. Lembro que comecei a contar os dias para poder vê-lo e a saudade me consumia cada vez que o tempo passava. Pela primeira vez senti oque é estar apaixonada por alguém, pela primeira vez sofri o lado dolorido de se apaixonar.
Hoje resolvi sair de casa para um passeio, coisa que há muito tempo não fazia. vesti uma roupa confortável, coloquei minhas músicas prediletas para ouvir no caminho, queria sair um pouco da rotina de sempre.
Enquanto caminhava em um ritmo mais rápido procurei não pensar nos problemas do trabalho e da vida, a unica coisa que eu queria era apenas poder apreciar a manhã agradável que estava e esfriar um pouco minha cabeça.
Infelizmente, começou a chover muito forte. Então, fui procurar um lugar que eu pudesse ficar até que acabasse a chuva. Por sorte acabei achando uma pequena lanchonete, e já que eu não havia comido nada antes de sair de casa, aproveitei e pedi uma xícara de café para a garçonete.
Desde quando cheguei, tive a impressão de estar sendo observada pela pessoa que sentava na mesa ao lado da janela. Olhei para trás e logo avistei o homem desta mesa vindo em minha direção com um sorriso na sua face.
Imagens do verão de 2005, vieram como flash back na minha cabeça ao ver aquele sorriso outra vez, e, pela primeira vez depois de oito anos, vi tudo começar novamente.
post feito por : Eduarda Furtado