Eu sofri constantemente com a batalha psíquica provinda da antítese de meus sentimentos por Mariana. Eu nunca pensei que viria a chegar nesta circunstância a qual, o ódio presente em mim, acabou fazendo-me tomar escolhas que nunca pensei que um dia chegaria a fazer.
   Desde o primeiro dia que a vi, no auge de sua puberdade, Mariana já apresentava sinais de moça esbelta, estes os quais, fizeram-me sentir o meu coração batendo de um modo que eu nunca havia experimentado outrora por mais ninguém.
   No princípio chegamos a nos tornar grandes amigos. Porém em certas vezes manifestava-se dentro de mim um ar de total melancolia, por não ver em nenhum momento algum sinal, nem sequer um singelo indício, de reciprocidade em relação aos sentimentos entre nós dois.  Depois de um tempo, eu cheguei a certo ponto que eu tinha a mais plena certeza que o que eu sentia por ela era amor, sendo este de uma grandeza suficiente, para que eu tomasse quaisquer que fosse o meio a fim de obter Mariana inteiramente para mim.
   Lembro-me perfeitamente do dia que começou os meus conflitos internos que eu mencionei anteriormente. Mariana chegou até mim, em sua face havia um sorriso encantador e seu par de olhos verdes brilhava como eu nunca havia visto. O motivo desta euforia interna foi contado com total empolgação por ela, entretanto, recebi a notícia conseguindo disfarçar tamanho o sofrimento que se esbaldou em todo o meu ser: Ela havia sido pedida em namoro por Pedro e, sem pensar mais de uma vez, aceitou o pedido, que avassalou em um só golpe, os meus planos de homem apaixonado.
   Eu sentia-me completamente de mãos atadas. Aquele informe que eu recebera, começou a se manifestar como ódio mortal por Mariana. Revirei a noite tentando encontrar uma explicação racional para a decisão que ela tomara. Será que eu não fora o bastante para ela? Eu a tratava bem como ninguém havia a tratado, sem mencionar o quão era evidente que eu a amava. Como ela pôde ser capaz de total menosprezo em relação aos meus sentimentos? Decidi com tamanha convicção que isto não sairia tão barato assim. A grandeza da minha ira fez a minha cabeça e para mim, não havia vingança melhor do que a morte.
   No chão da sala havia o corpo da minha primeira vítima. Matei Pedro com tanta antipatia, que desfrutei por alguns segundos a cena de seu sofrimento, sendo esta dada, após os três tiros em teu peito. Logo depois, olhei para Mariana a qual se encontrava com suas pernas e braços amarrados em uma cadeira. Eu achara vislumbre o modo como mesmo em sua face havendo ódio e medo, ela continuava sendo dona de tamanha beleza.
   Hesitei por um tempo quando apontei a arma para ela. A divergência presente dentro de mim tornava-me insano. Por um lado eu a amava e, por conseguinte, não aguentava vê-la sofrer. Em controvérsia, o ódio protestava sem cessar e não quietava até que a vingança se tornasse comprida e, sem esperar mais, a arma disparou acertando-a e desprendendo-a de sua vida.
   Por ter deixado a minha raiva tomar conta de minhas atitudes, agora tenho de viver trancafiado nesta prisão por um bom tempo da minha vida. Por incrível que possa parecer, acho até vantajoso tais condições, já que após a morte de minha amada, mesmo sendo provinda de uma ação minha, sinto como se não foste apenas a vida de uma jovem tirada precocemente daqui da terra, mas também, o meu coração que junto com ela, foi levado e tenho a mais plena certeza de, que por ter pertencido inteiramente a Mariana, para dentro de mim, ele não irá voltar mais. E é melhor que seja assim.

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